Laudo confirma que protozoário da toxoplasmose foi encontrado na água de uma casa em Santa Maria

O resultado de um exame realizado pela Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, confirma que o protozoário que causa toxoplasmose (Toxoplasma gondii) foi encontrado na água de uma casa em Santa Maria, cidade da Região Central do Rio Grande do Sul que enfrenta um surto da doença. O pico de casos ocorreu entre março e abril. O último boletim aponta para um total de 594 casos.

O laudo foi divulgado na manhã desta sexta-feira (7) pelo Ministério Público Federal, em coletiva na cidade, que reuniu outras autoridades. O MPF tem fiscalizado o trabalho dos órgãos públicos na investigação da causa do surto.

Conforme a procuradora Tatiana Dornelles, o protozoário estava no lodo decantado de uma casa no Centro da cidade, que era abastecida somente pela Corsan. Em nota, a companhia de abastecimento diz que “foram identificados outros contaminantes” no endereço, “decorrentes de fezes de animais, o que corrobora as condições inadequadas de manutenção e limpeza desse reservatório.”

De acordo com as autoridades que estavam na coletiva, a caixa d’água da casa, de classe média alta, é bem higienizada. A hipótese, então, é de que a contaminação se deu pela tubulação. Na residência moram duas pessoas que foram contaminadas, e outras duas que não estão com a doença.

Conforme o MPF, não se pode afirmar que a amostra com resultado positivo para toxoplasmose tenha relação com o surto, já que ainda não foi comprovada a relação genética da amostra e de pacientes diagnosticados. O DNA do protozoário também foi comparado com o material biológico de quatro gestantes infectadas, e não deu positivo.

“Na prática, a população precisa saber, independentemente de ser o mesmo protozoário, é muito importante na investigação do surto”, destaca a procuradora.

Foram realizadas, pelo menos, 28 análises de amostras de água ou lodo no laboratório da universidade em Londrina.

A Prefeitura de Santa Maria diz que continuará investigando a causa do surto, e recomenda que todas as pessoas que moram em Santa Maria façam uma limpeza nas caixa d’água e sigam com os cuidados de prevenção.

Ainda na nota, a Corsan acrescentou que “reitera sua qualidade de tratamento de água e serviços de distribuição até as residências, orientando que sejam tomados todos os cuidados relativos à limpeza anual e conservação dos reservatórios internos de propriedades particulares.”

“Também a Corsan continua com sua postura de auxílio nos estudos e avaliações, prestando esclarecimentos e participando das ações que visam a elucidação deste caso de Santa Maria”, encerra a nota.

A secretária municipal de Saúde, Liliane Duarte, reforçou que a prefeitura pediu a limpeza dos 29 reservatórios de água da cidade, e a Corsan deve concluir esse trabalho até a próxima semana.

Casos

O último boletim aponta para 594 casos confirmados de toxoplasmose em Santa Maria. Outros 435 são suspeitos e estão em investigação. O número de gestantes contaminadas chega a 44, e cinco mulheres já perderam bebê por causa da doença.

Santa Maria tem cerca de 260 mil habitantes, conforme o último Censo do IBGE.

A doença

A toxoplasmose, cujo nome popular é doença do gato, é uma doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii. Este protozoário é facilmente encontrado na natureza e pode causar infecção em grande número de mamíferos e pássaros no mundo todo.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia, a doença pode ocorrer pela ingestão de oocistos (onde o parasita se desenvolve) provenientes do solo, areia, latas de lixo contaminadas com fezes de gatos infectados; ingestão de carne crua e mal cozida infectada com cistos, especialmente carne de porco e carneiro; ou por intermédio de infecção transplacentária, ocorrendo em 40% dos fetos de mães que adquiriam a infecção durante a gravidez.

Sintomas

Em alguns casos os sintomas não se manifestam, mas podem ser:

  • Febre
  • Cansaço
  • Mal-estar
  • Gânglios inflamados

O período de incubação da toxoplasmose vai de 10 a 23 dias quando a causa é a ingestão de carne, e de 5 a 20 dias quando o motivo é o contato com cistos de fezes de gatos.

Prevenção

A Sociedade Brasileira de Infectologia lista algumas medidas de prevenção:

  • Não ingerir carnes cruas ou malcozidas;
  • Comer apenas vegetais e frutas bem lavados em água corrente;
  • Evitar contato com fezes de gato. As gestantes, além de evitar o contato com gatos, devem submeter-se a adequado acompanhamento médico (pré-natal). Alguns países obtiveram sucesso na prevenção da contaminação intrauterina fazendo testes laboratoriais em todas as gestantes;

Em pessoas com deficiência imunológica a prevenção pode ser necessária com o uso de medicação dependendo de uma análise individual de cada caso.

Fonte: G1/RS

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